Dias das Mães e dia d@s filh@s - estereótipo bom de ser desconstruído

11/05/2014 11:39


Queridas mães e querid@s filh@s, um lindo dia para tod@s. 


Eu, particularmente, acho sempre gostoso ter dias para comemorar, mas não deixo de também sempre fazer uma leitura sobre as diferenças. Sabemos que a maternidade é linda e curtida pela maioria das mulheres, mas sabemos também que muitas vezes ela é uma carga muito pesada mesmo que os pais estejam do lado das mães. Também temos notícias de mulheres que não têm vocação para ser mãe. Isto é antinatural? ARA! 

Por isso, sem querer ir na contramão das belas mensagens e das apologias ao papel de mãe, coloco aqui dois artigos que fazem a diferença nos estereótipos de "mãe" e na situação de "ser mãe": 

"A mulher não precisa ser mãe para se sentir completa" e "Não quero ter filhos,e agora?"


Que nossa liberdade seja sempre respeitada, que nossas escolhas sejam sempre nossas, somente nossas!


Tereza

Em tempo: hoje, sim, acho que é um dia propício para ganharmos flores. Adoro!
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A mulher não precisa ser mãe para se sentir completa

por Karina Simões

  

"... pensar que ter filhos, é o caminho natural da vida de qualquer pessoa, é fruto de uma mentalidade atrasada, segundo a qual, a maternidade faz parte da evolução da mulher e a torna completa"

Pesquisas inovadoras mostram que o instinto materno não é inato e pode ser construído, se assim for a opção da mulher.

Essas pesquisas trazem em seu bojo um desafio ou opção para a mulher atual: ser ou não ser mãe. Já que ser mãe há alguns anos, ou talvez décadas atrás, era simplesmente inquestionável e natural. 

Digo desafio, pois a mulher que opta por não ser mãe ainda sofre pressões comportamentais e críticas extremadas: se não quer ter filhos é muito egoísta ou tem algum problema com sua feminilidade (lado maternal). Que absurdo parte da sociedade ainda pensar assim!
 

Mas... mesmo assim, e ainda bem, conseguem se sentir felizes com a tomada dessa espontânea decisão. Felicidade essa respaldada nas diversas transformações culturais dos últimos tempos: atualmente as mulheres são chefes de família e até presidentes da República e de empresas, e exercem cargos antes ocupados apenas por homens.

De onde vem a decisão de não ser mãe?

Essa decisão não está relacionada ao fato de não haver afinidade com crianças. Mas sim como uma opção de vida de cada casal ou de cada mulher.  A psicanalista Luci Mansur, autora do
 livro "Sem filhos: a mulher singular no plural" nos ensina que pensar que ter filhos, é o caminho natural da vida de qualquer pessoa, é fruto de uma mentalidade atrasada, segundo a qual, a maternidade faz parte da evolução da mulher e a torna completa. 

Conseguir internalizar essa ideia de que a maternidade não é inerente e natural, e aceitá-la sem julgamentos e críticas, possibilita um grande avanço ao bem-estar da mulher.

A opção de não ter filhos para a mulher atual, não implica mais num conceito de felicidade plena e garantias futuras, mas sim trata-se de uma decisão saudável e natural devendo ser respeitada e não julgada.

Concordo com a socióloga Amy Pienta, que nos alerta que hoje há uma liberdade maior de escolha, e que é possível ser mulher de forma plena e prescindir da maternidade.

Dados

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de famílias chefiadas por mulheres cresceu mais do que quatro vezes nos últimos dez anos. Em relação aos casais sem filhos, o índice de autoridade feminina passou de 4,5% para 18,3%.


NÃO QUERO TER FILHOS, E AGORA?

Reflita sobre como lidar com essa importante decisão

Por: Celia Lima

Acolher, proteger, nutrir, cuidar, orientar, ninar e confortar são atitudes e sentimentos que combinam com o que alguns chamam de instinto materno. Muitas mulheres se sentem cobradas, internamente e socialmente, como se optar por não ser mãe fosse uma aberração da natureza. Muitas são desprovidas desse desejo por não sentirem que a maternidade seja condição para que se sintam realizadas na vida. E o que há de "errado" nisso? Nada. Absolutamente nada!

O famoso instinto materno, como o conceituamos, está presente em todos os seres humanos: homens, mulheres, idosos e crianças. Em alguma medida todos nós somos protetores, acolhedores e cuidadores, sabendo naturalmente como confortar outras pessoas e "dar colo" quando solicitados ou atendendo a um apelo solidário. E fazemos isso com nossos pais, irmãos, amigos e até desconhecidos. Um bom exemplo é quando entregamos donativos, apadrinhamos financeiramente alguma instituição filantrópica ou praticamos caridade no sinal de trânsito e nas calçadas das cidades. E isso mostra um impulso natural de acolher ou confortar.

Portanto, não é apenas na maternidade que as mulheres - e todos os seres humanos - exercem o instinto materno. Escolher conscientemente não ter filhos é uma atitude corajosa, pois desafia preconceitos. Veja alguns dos motivos que levam certas mulheres a optar por não serem mães:


  • Privilegiar a carreira profissional e saber que um filho não caberia em seu projeto de vida.

  • Temer a perenidade da escolha, afinal filho é "para sempre", não dá para não tê-lo depois que ele existe e nem todas se sentem prontas para assumir uma escolha eterna.

  • Saber ser portadora de alguma doença geneticamente transmissível e temer pela saúde de um possível filho.

  • Ter consciência de que não tem paciência para cuidar de crianças.

  • Não desejar abrir mão da liberdade por um bom período na vida.

  • Sentir-se insegura com relação ao papel de mãe.

  • Simplesmente não desejar ser mãe.

    É claro que muitas dúvidas ou inseguranças são reversíveis, caso essa mulher queira ir fundo para compreender melhor seus motivos. Mas isso passa a ser uma necessidade apenas se essa pessoa estiver sofrendo ou se de alguma forma a decisão de não ser mãe for uma fonte de conflito. Caso contrário, as razões citadas entre tantas outras são absolutamente legítimas e não implicam em culpa. Não existe "esquisitice" em não desejar ser mãe e isso não quer dizer que essa mulher seja desprovida de instinto materno.

    Quando o assunto é criança, muitas mulheres exercem esse instinto focando em seus sobrinhos ou afilhados. Além disso, é sempre possível optar mais tarde, com um certo grau de amadurecimento, pela adoção.

    Sinta-se confortável com sua decisão

    As datas comemorativas, como o Dia das Mães, só trarão algum desconforto caso as mulheres que escolheram não ter filhos não estiverem suficientemente convictas ou não souberem como lidar com as cobranças familiares e sociais.

    Mesmo as que se sentem confortáveis com sua decisão podem se perder algumas vezes quando questionadas. Para essas vai uma sugestão de resposta, caso não queiram expor ou discutir esse assunto de foro íntimo: "da mesma forma que muitas mulheres escolhem ter filhos eu escolhi não tê-los. Poder fazer escolhas na vida é realmente exercer a liberdade, não é?", vale perguntar ao ser interrogada pela sua decisão.

    Para as mulheres que não têm filhos por não encontrarem parceiros adequados, estarem fora de um relacionamento afetivo ou mesmo por questões de saúde, sugiro deixarem medos e preconceitos de lado e pensarem seriamente em adoção. Os filhos do coração, assim como os filhos biológicos, podem transformar suas vidas e ter as vidas deles mudadas, caso seu instinto materno esteja transbordando na direção de uma criança, seja ela recém-nascida ou mais velha. E é claro que isso tudo vale para homens e mulheres. Feliz escolha consciente!

    SOBRE O AUTOR

    CELIA LIMA

    Psicoterapeuta Holística, utiliza florais e técnicas da psicossíntese como apoio ao processo terapêutico. Presta atendimento individual e em grupo, e serviços de mentoring pessoal e profissional. Saiba mais »

     



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